Semana Glastonbury: Perguntas e Respostas com o agente do Foo Fighters, Russell Warby

Russell Warby

Os Foo Fighters vão encerrar as apresentações do Pyramid Stage no Glastonbury neste sábado ─ dois anos depois de terem um show cancelado no festival. A banda deveria ser a principal atração do festival em 2015, mas foi substituída por Florence + The Machine depois que o vocalista Dave Grohl quebrou a perna.

Aqui, o agente deles, Russell Warby (WME), que também representa Jack White e os Strokes, conversa com a Music Week sobre um dos “vovôs” do cenário dos festivais.

Por que o Glastonbury é considerado um evento tão importante?

O Glastonbury é reconhecido como um dos “vovôs” do circuito de festivais, junto com o Roskilde (Dinamarca), Pinkpop (Holanda) e o Rock Werchter (Bélgica) ─ mas é conhecido no mundo todo. Obviamente pode ser um show muito fundamental.

Mesmo antes das coberturas televisivas, uma boa apresentação no Glastonbury podia mesmo mudar o rumo da sua carreira. Tenho certeza de que a Florence substituindo os Foos em 2015 foi muito importante para ela, mas também sei que o Pulp substituindo os Stone Roses foi um show incrivelmente importante na carreira deles. Incidentalmente, acampei perto de Jarvis (que tinha uma cabana fantástica dos anos 70).

O quão integral é uma cobertura televisiva?

Eu acho que a cobertura da BBC é excelente; ninguém faz melhor que eles e obviamente possibilitam que todas aquelas pessoas que infelizmente não puderam comprar um ingresso ou apenas preferem assistir a shows sentados em suas salas de estar tenham a oportunidade de compartilhar toda aquela mágica.

Quando os Foo Fighters tiveram que cancelar o show dois anos atrás, você tinha qualquer suspeita de que a banda retornaria em 2017?

Em 2015, quando o Dave quebrou a perna, tivemos que cancelar vários shows e ficamos muito desapontados. Naquele momento, já sabíamos que o Glastonbury tinha ideias bem definidas quanto a quem eles queriam como atrações principais em 2016, e não foi uma consideração séria para nós o retorno, de qualquer forma.

Comecei a falar com o (co-organizador do festival) Nick Dewey no início do ano passado, sobre os Foos voltarem este ano, porque originalmente 2017 seria um ano de intervalo, mas quando eles decidiram que não seria e que fariam o intervalo em 2018, discutimos com os empresários dos Foo Fighters e todo mundo concordou que seria uma ótima ideia voltar agora.

Quais momentos do Glastonbury vêm à sua cabeça envolvendo artistas que você representa?

Os White Stripes como atração principal do Glastonbury foi um evento extraordinário. Jack White continua apreciando um longo relacionamento com o festial. Ele se apresentou de todas as formas e foi um verdadeiro salto de fé do festival quando os White Stripes foram a atração principal da sexta-feira à noite, foi um dia depois que os céus se abriram e alguém, que trouxe uma canoa, descobriu que seu momento de glória havia chegado.

Os White Stripes nunca tinha sido a atração principal em uma arena, ou qualquer coisa dessa natureza, quando eles encerraram as apresentações do palco principal! O Glastonbury costuma definir o tom, e foi uma decisão ousada, mas sábia assumir esse risco e colocar um artista no palco principal; isso realmente os ajudou a se tornarem atrações principais mais vezes no futuro.

Quais aberturas você considera as mais desejáveis ─ depende de quais atrações estão se apresentando em outros palcos na hora?

Você não costuma saber quem está tocando nos outros palcos até bem mais tarde, porque há muitos agentes trabalhando em palcos diferentes e você nem sempre sabe até o último minuto quem está competindo com o quê. E o festival vai tentar resolver quaisquer conflitos, mas uma hora eles vão acontecer. Quando há tantos palcos assim, você acaba tendo alguns problemas em termos de artistas diferentes que pessoas gostariam de ver tocando ao mesmo tempo.

Muitos artistas acabam fazendo aberturas que eles, talvez, não considerariam normalmente. Acho que é bem conhecido o fato de que, talvez, as aberturas que ocorrem mais cedo na sexta são mais atrativas porque é quando a maior parte do entretenimento ao vivo acabou de começar, então a essa hora você terá pessoas que já chegaram na quarta-feira. Até sexta, no final da manhã, eles já estão desesperados por mais entretenimento.

Provavelmente a fonte dessa mágica é que o Glastonbury nunca poderia ser definido como um tipo ou outro de festival. Nos últimos anos eles começaram a abraçar o rock de uma forma que eles não faziam antes, mas praticamente todo o resto tem sido representado. Onde mais você poderia ver o Johnny Cash se apresentando no palco principal à tarde?

Tradução: Giovana Moretti
Entrevista: James Hanley
Fonte: Music Week