Confiram a entrevista de Dave Grohl para a revista Billboard americana deste mês a qual Dave é capa, entrevista traduzida em português pela equipe FFBR.
“Aventureiro do Rock”
Quando o líder do Foo Fighters trouxe seu documentário Sound City para o Sundance, ele também trouxe uma banda de super stars, dominadores das rádios, rebeldes do punk e heróis. Com uma estratégia de lançamento única para o seu filme, sua intenção é espalhar o rock o máximo possível.
Por Phil Gallo
Em 1982, Fear uma banda de Los Angeles lançou “The Record”, um documento pulsante do rosnado punk que inclui músicas como “Let’s Have a War” (“… we can hold it in New Jersey!”), and “ I don’t care about us”. Dave Grohl que estava com 13 anos de idade ouviu o álbum na cidade de Evanston, Ilinois onde a sua prima Tracy tocou o álbum para ele. Este é, ele diz, o álbum que fez ele querer ser músico. Ele está contando esta história no palco, no Park City, Utah, durante o Festival de Filmes de Sundance. Em verdade, Grohl juntamente com os seus compatriotas do Foo Fighters e Nirvana, está acompanhando o vocalista do Fear, Lee Ving. É a primeira perfomance ao vivo dos integrantes da banda de Grohl o Sound City Players – que inclui Jonh Fogerty do Creedence Clearwater Revival, Stevie Nicks do Fleetwood Man, Krist Novoselic do Nirvana, e mal há espaço para respirar e se mover no club Park City Live cuja capacidade são de 800 pessoas. O ingresso mais difícil de conseguir neste mundialmente renomado festival de filme acabou se transformando neste show.
Imagine uma fantasiosa liga de futebol com estrelas do rock e você terá uma ideia clara do que as bandas reunidas pelo Dave Grohl significam para a estreia do Sound City Players. O grupo é a consequência do seu documentário “Sound City”, um retrato do bagunçado estúdio de Van Nuys na Califórnia, onde o Nirvana gravou Nevermind, Fleetwood Mac adicionou Nicks e Lindsey Buckinghan ao lineup e Neil Young fez o seu clássico After the Gold Rush.
Em um plus de três horas, o Sound City Player entregou uma visita à história do rock ‘n roll, uma memória viva de grandes álbuns que saíram do Sound City. Um line-up impressionante destacando Novoselic, guitarrista do Cheap Trick Rick Nielsen, vocalista do Slipknot Corey Taylor, guitarrista do Queen of Stone Age Alain Johannes e Grohl na bateria. Guitarrista e vocalista do Masters of Reality Chris Goss forma uma unidade com o baterista do Rage Against The Machine Brad Wilk e Grohl no baixo; Foo Fighters juntou-se ao estilo do Creedence com Fogerty e depois com o estilo maduro do Fleetwood Mac através de Nicks.
Grohl foi o cabeça e um fã no concerto. Não somente por seu entusiasmo em cada ato, ele também relatou a sua história pessoal com o trabalho de cada integrante. Além da banda Fear a música “Surrender” do Cheap Trick foi a trilha sonora do seu verão embriagado em Delaware quando ele tinha 16 anos; Rage Againts the Machine foi o primeiro álbum que ele ouviu e que nunca tinha ouvido nada parecido antes. Quando o Sound City Players tocou os acordes finais de “Jessie’s Girl com Rick Springfield, Grohl se inclinou no microfone, acenou com o seu braço direito e disse “Balde Checado”.
Para fazer a noite acontecer, a primeira ligação foi aos integrantes do Foo Fighters com um pedido, o de aprender 40 músicas em 10 dias. “Então fiz estes gráficos de cada músico, das músicas que tocaríamos com eles e quem iria tocar cada instrumento,” Grohl disse.
Foi tão esmagador, mas foi como se preparar para o teste mais legal que você faria em sua vida. Por termos feito os ensaios separadamente, nós nunca fizemos o show inteiro. Esta noite (18 de Janeiro), foi a primeira vez e aconteceu em sequencia.
Grohl espera fazer o show no mundo inteiro, mas é realista acerca do pesadelo logístico de reunir 16-17 músicos em lugares distantes.
O Show após a premier do filme ocorrida em Hollywood lotou o Hollywood Palladium cuja capacidade é de 4.400 pessoas, é o modelo que Grohl gostaria de duplicar em outros lugares – performances separadas de acordo com as cenas dos filme.
“Uma das melhores coisas sobre contar a estória do estúdio é que obviamente há muita estória.” Diz Grohl sentado confortavelmente no sofá de um condomínio em Park City Hillside. “Sound City tem sido a casa para tantos álbuns influentes, mas também para tantas lindas estórias sobre pessoas e seus relacionamentos.”
“Quando nós [Integrantes do Nirvana Kurt Cobain, Novoselic e Grohl] fomos para o Sound City, nós não tínhamos ideia que os próximos 16 dias iam mudar o nosso mundo. Eu queria prestar um tributo à isso.”
E como ele diz no filme “Sound City representa integridade, e alguma verdade.”
O filme de Grohl se desdobra tipicamente: A história do estúdio de gravação e o seu console de mixagem Neve feito à mão; A conexão pessoal de Grohl com o Sound City ocorreu com a gravação do álbum Nevermind e por ter comprado o console Neve em 2011, quando o estúdio estava fechando; e ao gravar um novo álbum com os veteranos do Sound City.
O Console feito sob encomenda foi instalado no Sound City em 1973, 4 anos depois da abertura do estúdio como um facilitador para um estado-da-arte. Depois de comprá-lo Grohl queria fazer um filme curto sobre o console para postar no Youtube. “Estava perto do aniversário de 20 anos do Nevermind, então eu pensei, ‘É ótimo que eu esteja junto ao console que fez aquele álbum’”, Grohl diz.
O dono do Sound City Tom Skeeter trouxe os documentos para mostrar à Grohl o recibo original do console – cerca de 76.000 dólares, duas vezes mais que o valor de uma casa em San Fernando Valley em 1973 – e uma planilha de 10 páginas de cada álbum gravado no Sul da Califórnia, Terrapin Station, 6 álbuns do Tom Petty, primeiro álbum do Rage Against de Machine e The Slip do Nine Inch Nails.
“Foi então que eu entendi, ‘Isto não é um clip do Youtube’, Grohl diz. É um documentário como um longa-metragem e nós precisamos aumentar o grau um pouco.” O que levou Grohl a montar uma equipe e a determinar uma data limite para o filme, baseado no calendário do Sundance para que o projeto fosse considerado para exibição.
Grohl ligou para um amigo do meio cinematográfico, Jim Rota, supervisor de produção de “As Crônicas de Nárnia”, que trouxe John Ramsay, que recentemente produziu “Trancedent Man”, um documentário sobre o inventor e futurista Raymond Jurzweil. “Quando ele veio à nós disse: ‘Eu não quero ninguém de Hollywood envolvido’”, lembra Rota. “’Tem que ser livre de alguém dizendo o que deve ser feito ou como tem que ser feito. Eu tenho uma visão e eu quero fazer o que acho que é a história.’”
O documentário teve um lançamento incomum – incluindo DRM download grátis de vídeos – uma tentativa de alcançar “qualquer um que queira ver”, Grohl Diz.
“Sound City” foi exibido em 54 cidades nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia para apenas uma noite nas telas em 31 de Janeiro. Exibido por apenas uma noite em duas cidades em primeiro de Fevereiro, então começou a corrida de uma semana em 12 cidades, eventualmente adicionando outras sessões em vários locais em Fevereiro.
Simultaneamente o filme será disponibilizado no Itunes com DVDs e Blu-rays na metade de Março, juntamente com o lançamento da trilha sonora em 15 de Março pela RCA. Viriance Films que distribuiu cerca de 3 duzias de filmes em seu quarto ano de história, está fazendo a distribuição aos cinemas. Gravitas Ventures, um dos maiores fabricantes de vídeo por encomenda, está gravando “Sound City” como seu primeiro lançamento de 2013. O Dave Grohl e os produtores detém os direitos para venda online diretamente aos fãs.
“Eu sinceramente não sei nada sobre negócios acerca de filmes,” Grohl diz, “mas nós decidimos que iríamos diretamente ao consumidor e com vídeo por encomenda. Você também pode vir ao nosso website e ter o filme DRM-free. Evidentemente não é o que todos fazem.”
“Parece ser a ideia perfeita para este filme, porque é disponível a todos que queiram ver. Estamos apaixonados pela mensagem do filme então é importante para nós que o maior número possível de pessoas assistam o quanto antes. Assim como o resto do projeto, nós encontramos pessoas que fazem filmes em suas mentes ou que são amantes da música que podem nos ajudar a concretizar esta ideia.”
Mas também adiciona a estratégia que o comediante Louis C.K, usou para vender seu concerto especial “Live At the Beacon Theater”, que arrecadou mais de um milhão de dólares após ele disponíbilizar por 5 dólares o vídeo e o MP3. (“Sound City” custa 12,99 dólares em ambos Itunes e no site buy.soundcity.com). O produtor do “Sound City” Jim Rota citou o exemplo de Louis C.K.’s como inspiração. “É o modelo mais simples possível”, Rota diz.
“A sensação e a mensagem do filme é sobre o elemento humano na criação e fazer algo como um grupo [de artistas]. Neil Young até mostra sua visão no filme, de como todo mundo está sempre dizendo como fazer coisas com tecnologia. “Pessoas tomam as decisões. Você deve dar a elas uma escolha.”
“Marley”, que estreou no Sul pela Southwest em março passado foi um dos primeiros documentários a dar aos consumidores um leque amplo de opções. Ele arrecadou 1.4 milhões de dólares nos cinemas, após estrear em 20 de Abril de acordo com a Mojo. O filme passou em 42 cinemas em seu final de semana de estreia, e adicionou mais 24 cinemas na semana seguinte e mais 9 cinemas atingido o pico de 73 cinemas.
O filme também teve a sua estreia no Facebook – o primeiro para o site – e Itunes (por encomenda em 20 de Abril). A premier pelo Facebook recebeu mais de 80.000 impressões em sua primeira semana e a distribuidora Magnolia Pictures relatou que foi a melhor venda pelo Itunes na história da empresa.
“Marley” foi produzido por Steve Bing’s Shangri-la Entretenimento, cujos documentários musicais inclui o filme sobre o Show dos Rolling Stones “Shine a Light” e a crônica jovem de Jonathan Demmes “Heart os Gold.” A trilha sonora de “Marley” vendeu mais de 35 mil cópias de acordo com a Nielsen Soundscan.
O documentário sobre o último show do LCD Soundsystem “Shut Up and play the Hits” passou em 161 cinemas por apenas uma noite e arrecadou 378,751 dólares de acordo com a Mojo. E continuou em um numero limitados de cinemas e arrecadou 510,334 dólares.
“Documentários tem uma audiência específica”, Rota diz. “[O número de] pessoas que assistem filmes sobre música é pequeno. Este filme é sobre criatividade – não é sobre um bando de idiotas querendo gravar qualquer coisa”. PG
Da perspectiva de Grohl, o processo de fazer um filme não deve ser diferente de gravar um álbum do Foo Fighters: Reter o controle criativo e então dar a um distribuidor para que chegue às pessoas.
Na primeira reunião com Rota e Ramsay, Grohl resenhou a sua visão para o filme, escrevendo o script passo a passo do que deveria estar no filme. Dias antes ele viajou para Sundance, Grohl se deparou com um periódico que tinha um esboço do script, que ele fotografou com o seu iphone. Ele estava encantado mostrando as fotos para os visitantes: “Isto é exatamente o filme que fizemos. Estou maravilhado.”
Outro elemento que maravilhou Grohl foi o número de pessoas dispostas a compartilhar suas estórias sobre o estúdio – exceto Mick Fleetwood – que descreve como um buraco de merda. “Se você foi ao Capitol Records,”, Grohl diz, “era como se caminhasse para dentro do sonho de Frank Sinatra. Entrar no Sound City, era como se caminhasse para dentro do pesadelo do Frank Sinatra.” O segredo, como explica Rick Rubin no filme, era o som da bateria que saía do Sound City, o que ajuda a explicar o amor que Fleetwood e Grohl – ambos bateristas – têm pelo lugar.
Ainda enquanto Grohl explorava a ideia de um documentário longa-metragem com entrevistas variando desde o baterista Jim Keltner para Neil Giraldo, da banda de Pat Banatar à Trent Reznor, mais ele percebia que a estória precisava alcançar algo além da arte perdida da gravação analógica.
Cada entrevista foi filmada por duas à três horas, discutindo os eventos que levaram o entrevistado à carreira no rock’n’roll, assim como as reminiscências do estúdio em si. A última pergunta feita pelo Grohl a cada entrevistado: “Qual o seu conselho para a próxima geração de músicos?”
Em busca de inspiração ele lembra da forma como James Moll trabalhou quando ele dirigiu “Foo Fighters: Back and Forth”, documentário de 2011 que começou como uma crônica dos Foos ao gravar seu sétimo álbum Wating Light na garagem de Grohl em Encino, Califórnia (ganhou um Grammy pelo documentário.) Moll fez do filme mais que uma retrospectiva sobre a banda. “Ele queria perguntar sobre nossos relacionamentos uns com os outros como pessoas, e que nos fez sobreviver por 20 anos,” Grohl diz. “Isso é ao que as pessoas relacionam. Quem liga para quem produziu nosso segundo álbum?”
Rota adiciona, “O filme tem a sensação que tem porque Dave fez todas as entrevistas ele mesmo. Dave consegue fazer eles falarem de forma solta e de improviso. É uma conversa que deixa uma entrevista com mais emoção do que, ‘que amplificador você usou naquele álbum?’”
A atenção de Grohl aos detalhes sonoros não é nada novo – Wasting Light atraiu atenção considerável por usar um equipamento analógico na gravação. E foi compensado com 5 grammys. Em seu discurso de agradecimento, Grohl continuou a reforçar o conceito de que o analógico traz coração para um artista.
“Sua atenção à importância da excelência sonora é um soco bem no meio da preocupação de nossos Produtores e Engenheiros”, diz Neil Portnow Presidente/CEO da Academia de Gravação.
Sua sensibilidade e desejo de passar a informação para a próxima geração limitada a mediocridade de fones de ouvido e tecnologia que gasta centavos em equipamento de áudio, é inacreditável. Ele tem um coração gigante.”
As últimas bobinas do Sound City apontam para o futuro, mais do que ao passado, como mostra o filme durante a instalação do console Neve no estúdio 606 do Grohl.
Ele começa trazendo os músicos que fizeram álbuns inesquecíveis no Sound City – Springfiel, Nicks, Reznor, Homme, Keltner e outros – para gravar novas faixas e mostrar a importância de entender a história da música.
“Houve tempos em que nós não sabíamos o que ia acontecer,” Grohl diz, e seu rosto se ilumina. “Como colocar Paul McCartney em uma sala com o Nirvana e cruzar os dedos para que algo legal acontecesse.”
Em dezembro de 2012, 9 dias depois do Sound City, ter sido adicionado ao Festival de Sundance, Grohl, Novoselic e McCartney tomaram o Estádio Madison Square Garden para o concerto de 12-12-12, um show realizado para amenizar os efeitos do furação Sandy e ainda tocar uma música que ninguém ouviu antes, “Cut Me Some Slack”. O nome de McCaryney não foi usado em qualquer material promocional, e fotografias dele não eram encontradas no trailer que foi lançado no início de Dezembro.
“A música do McCartney era o grande segredo,” diz Grohl. “Algumas coisas vazaram, mas sobre o McCartney – Nós não podíamos falar nada, pois isto era O momento. Nos primeiros testes para filmar nós fizemos o momento em que Paul aparece, e houveram cochichos audíveis na sala. Quando editamos este seguimento eu disse ‘Eu não quero um momento ,“puta merda”, eu quero um momento “putaquepariu”. Eu estava na projeção em Salt Lake City [22 de janeiro], e naquele momento em que ele aparece na tela, você podia ouvir [os espectadores dizendo], Jesus Cristo’, como se aquilo não pudesse ser unido por um laço mais bonito do que aquele. Aquilo realmente criou um momento legal.”
A experiência com McCartney que Grohl conseguiu realizar, não foi diferente das experiências dele com os outros músicos no filme. “Eles são músicos que apenas querem tocar”, ele diz. “Até Stevie, que entra e começa a fazer coisas de Stevie Nicks. Ela era para ser uma cantora e consegue trabalhar com qualquer um”.
Este ideal, das antigas sessões de música onde músicos se juntam e tentam transformar ideias coletivas em canções, permeou todo o projeto para Grohl. Ele diretamente coordenou a ideia de trabalhar com apenas um dos seus ídolos, McCartney, mas de alguma forma é fácil sentir que ele está falando de todos os músicos no “Sound City.”
“Se eu tivesse ficado no estúdio por apenas um dia, e ninguém tivesse visto ou ouvido e eu nunca tivesse feito de novo, eu morreria um homem feliz”, ele diz. “Apenas pelo fato de ter acontecido, para mim, foi suficiente.”
Time Sound City
Diretor Dave Grohl
Produtores John Ramsay, James A. Rora, Grohl
Distribuidor aos Cinemas Variance Films
Distribuidor Digital Gravitas
Datas de lançamentos: 31 de Janeiro (nos cinemas), 1º de Fevereiro (on line), meio de Março (DVD, Blu-ray)
Trilha Sonora: Sound-City – real to reel (15 de março pela RCA, contém novas gravações com Stevie Nicks. Trent Reznor, Lee Ving, Corey Taylor, Josh Homme and outros.
Roteiro Mark Monroe, estória por Dave Grohl
Diretor de Fotografia Kenny Stoff
Editor Paul Crowder
Publicidade Kristen Foster, PMK-BNC (film), Steve Martin, NAty Little Man (Dave Grohl/Foo Fighters)
Website soundcitymovie.com
Tweets @soundcitymovie.
Revisão: Karina Diaz
Tradução: Roberta Ramos