À vontade: uma entrevista com o frontman Nate Mendel sobre seu projeto, o Lieutenant

Por Robert Gluck

Tenho certeza de que todos conhecem o Foo Fighters. Quer se trate de suas canções clássicas, seu vasto catálogo, ou até mesmo o seu mais novo álbum, Sonic Highways, é difícil não ouvir falar daquela que parece ser a maior banda de rock da atualidade. Em 2014, a banda divulgou seu LP junto de um documentário da HBO. Este documentário acompanha a banda enquanto eles viajam pelas principais cidades em os EUA, escrevem uma música inspirada na cultura e história de cada área, e gravam cada faixa. Este processo provocou uma semana de trabalho de cinco dias para a banda, enquanto eles trabalharam incansavelmente para prestar uma homenagem a cada cidade.

Quando os fins de semana chegavam, o baixista Nate Mendel ia para o estúdio para terminar o trabalho de seu primeiro álbum solo. If I Kill This Thing We’re All Going To Eat For A Week foi lançado em 10 de março sob o nome Lieutenant. Este projeto mostra um Mendel largando o baixo para partir para a guitarra e vocais, e conta com seu colega de Sunny Day Real Estate, Jeremy Enigk, Chris Shiflett do Foo Fighters, amigos da banda Modest Mouse e muitos mais.

O que torna este um dos discos mais emocionantes de 2015 para mim é a diversidade. O que começou como alguns licks aleatórios em uma guitarra transformou-se em nove faixas muito bem construídas. À medida que Mendel investia mais, ele tornou-se mais confortável com a ideia de cantar e tocar guitarra. Toda vez que você vê um músico colocar suas vulnerabilidades em exposição, ele cresce enquanto músico.

E enquanto este músico em questão estava em turnê com o Foo Fighters, na Austrália, ele separou um tempinho para conversar sobre este novo projeto. Os tópicos de discussão incluem o processo de escrita, o seu lineup ao vivo, e em qual momento tudo isso desencadeou. Nós também falamos sobre seus medos durante a gravação, o que ele aguarda desta turnê, e de qual baterista ele prefere: o frontman Dave Grohl ou o baterista Taylor Hawkins. Leia a entrevista na íntegra abaixo:

Você tem estado muito ocupado com Foo Fighters nos últimos dois anos. Quando você começou a escrever para este disco solo?

Cerca de cinco anos ou mais atrás, eu comecei a brincar com algumas ideias de guitarra que eu tinha em mente. Eu comecei a gravar pedaços aqui e ali e em um ponto no tempo eu me perguntei: “E se eu pudesse fazer essas músicas? Como elas soariam?” Eu terminei duas canções enquanto estava na turnê de reunião do Sunny Day Real Estate há alguns anos.

Eu, então, as coloquei de lado porque estávamos muito ocupados com algumas coisas do Foo Fighters. Voltei para elas depois e comecei a levá-las mais a sério.

Em qual momento tudo isso desencadeou? Em que ponto você pensou, “Eu vou fazer isso. Eu vou gravar este álbum.”

Para mim, foi basicamente no momento que eu comecei a fazê-lo. Quando o meu amigo Joe Plummer [Modest Mouse, The Shins] se envolveu, e foi muito divertido trabalhar com ele, eu adorei. Nesse ponto, eu quis levar isso o mais longe possível. Eu estava tipo, “Vamos gravar isso”, mesmo eu estando morrendo de medo (risos).

Sério?

Sim, mas isso é parte do que faz a vida divertida, certo? Passar por estes momentos (risos).

Ok, então o processo de gravação foi um pouco difícil no começo?

Sim. Só porque naquele momento, meu jeito de tocar guitarra era meio novato ainda. E eu não queria ter essa situação em que, só porque eu tive mais tempo no estúdio, conheço alguns amigos talentosos que poderiam ajudar e usar truques de estúdio, que eu faria o disco soar bem. Eu queria que fosse real. Eu queria que fosse algo que eu toquei e fui responsável. A parte que eu estava realmente com medo era de entrar em um estúdio e tropeçar nos meus próprios pés. 

E quanto tempo você ficou no estúdio?

Eu diria que uns dois meses. Demorou um pouco mais do que o planejado, porque assim que as faixas de bateria foram terminadas, o Foo Fighters entrou em um trabalho de segunda à sexta para começar a escrever o Sonic Highways. Foi mais arrastado porque eu trabalhava com os Foos durante a semana e, nos fins de semana, voltava ao estúdio para fazer alguns overdubs no álbum.

Agora, você fez dois shows em janeiro com a sua banda nova. A programação incluiu membros do Fleet Foxes, The Bronx e Snow Patrol. Esses caras vão continuar com você quando você voltar a excursionar com o Lieutenant em março?

Sim, em sua maior parte. E nós ja temos uma mudança na formação. A agenda do nosso baterista Jorma Vik não deu certo, porque ele estará com a sua banda Mariachi El Bronx na Austrália nesta época. Então, quando eu voltar daqui, estaremos ensaiando com o nosso novo baterista que é, na verdade, da Nova Zelândia. Além disso, serão todos os mesmos caras.

Este ano tem tudo para ser bem interessante para você enquanto músico em turnê, não só porque você está tocando em arenas e estádios como o Citi Field com o Foo Fighters, mas você também vai tocar em lugares menores, como o Mercury Lounge e Johnny Brenda’s com o Lieutenant.

Sim, estarei por toda parte (risos).

Photo: ©Andrew Stuart 2015

 Nate Mendel durante show do Lieutenant, Janeiro de 2015

Sobre o que você mais está ansioso nesta turnê do Lieutenant? Algo em particular?

Bem, eu realmente não tinha ideia do que eu estava me metendo naqueles primeiros dois shows. Minha suspeita é que eu não iria curtir tanto assim até estarmos melhores e com mais experiência. Especialmente como uma banda, e na frente do microfone e do público. Mas eu realmente adorei desde o início. Eu acho que isso é o que eu estou mais ansioso para fazer. Indo de onde estamos agora, para aquilo que tenho em mente, até do modo como acho que a música deve ser apresentada ao vivo. Eu sou um pouco obcecado no momento com essa busca pela perfeição. E a única maneira de fazer isso é tocar, e eu quero fazer isso tanto quanto eu puder.

E deve ser ótimo ter os fãs do Foo Fighters para te apoiar nesta jornada. Deve ser um impulsionador da confiança ir lá, dar tudo o seu tudo em uma posição que você pode não estar totalmente confortável ainda e ver que eles estão ali te apoiando.

Sim, é bom. Especialmente agora, que o Lieutenant não é tão conhecido, mas mesmo assim tem pessoas indo aos shows. Então, ver esses fãs do Foo Fighters nos apoiar é algo realmente bom. É muitos bom ter fãs que temos, porque nos amam como uma banda e vão nos apoiar em todos os nossos próprios esforços e projetos individuais. Em algum ponto no tempo, seria bom tocar para uma plateia que começou a gostar da banda por causa do próprio álbum (risos). Mas eu não estou contando que alguém nesse mundo não conheça o Foo Fighters (risos).

E uma rápida questão sobre o Foo Fighters. Você tem dois grandes bateristas na banda, o Dave e o Taylor. Com qual deles na bateria você mais gosta de tocar?

Oh, isso é uma boa pergunta. É uma espécie de novidade quando eu toco com o Dave, porque isso não acontece muito frequentemente. Nos conhecemos e tocamos juntos por tanto tempo, que é divertido trocar de papéis às vezes. Como Pat Smear sempre diz, “diferente é bom.” Eu concordo com isso e acho que é um bom lema. Mas eu tenho tocado com Taylor por tanto tempo, que o seu estilo de tocar é o que eu comecei a esperar de um baterista agora. Nem sempre foi assim, mas temos tocado juntos por um bom tempo da minha carreira e eu gosto do estilo dele. Eu sei o que ele vai fazer e eu cresci acostumado com isso. Então, eu vou escolher o Taylor nessa. Ele é o meu cara.

Matéria original:At Ease: An Interview with Foo Fighters Bassist Nate Mendel on his new project, Lieutenant“, 25 de março de 2015, por The Aquarian Weekly
Tradução e adaptação: Stephanie Hahne