Dave Grohl gosta de falar. O astro mais amigável do rock estava no Smithsonian na noite de quinta-feira para a exibição de “Sonic Highways”, sua nova série/documentário na HBO sobre a gravação do próximo álbum do Foo Fighters. Na sexta-feira à noite – com o segundo episódio de “Sonic Highways” sendo exibido nas telas de todo o país – Grohl estava se preparando para subir ao palco do Black Cat para um show muito menor do que o de costume. E na noite de domingo, ele vai tagarelar sobre todo o esforço para fazer essa série com Anderson Cooper no “60 Minutes”. Certamente, há mais aparições que virão nas próximas semanas.
O episódio de sexta-feira de “Sonic Highways” viajou por Washington DC, uma cidade cuja história musical foi espremida em apenas 1 hora de programa. Mas Grohl tentou o possível e impossível, colocando os holofotes na relativamente pouco divulgada cena Go-Go, em seguida, indo ainda mais fundo na comunidade do punk ativista em que ele começou sua carreira musical.
Há pedaços de trivia e discernimento espalhados por todo canto: Darryl Jenifer, baixista do Bad Brains, explicando porque se identifica mais como “punk” do que como “negro”; o super-produtor Rick Rubin argumentando que as letras do Minor Threat fizeram do punk algo relacionável para a juventude norte-americana; a estimativa de Ian MacKaye de que sua Dischord Records vendeu mais de 4 milhões de discos; e, principalmente, dos antigos colegas de banda de Dave Grohl, Skeeter Thompson e Peter Stahl do Scream, contando como Dave entrou para a banda e comentando sobre a cena punk emergente na cidade.
Mas o maior sucesso do episódio não pode estar em resumindo a história da música D.C., mas sim a captar a essência da vida em D.C. Três exemplos citáveis disso:
Washington, D.C. como uma vibe: “Antes de se tornar música… Go-Go foi uma atmosfera”, “Big Tony” Fisher do Trouble Funk declara no início do episódio, explicando que a música em si foi nomeada com relação ao local onde foi realizada. Go-go era o som. O go-go era o lugar onde as pessoas iam para ouvi-lo.
Washington, DC como uma contradição: o ativista punk Mark Andersen cita o velho castanheiro Charles Dickens sobre Washington como “a cidade de magníficas intenções”, mas também observa: “A diferença entre o sonho e a realidade é terrivelmente grande.” Andersen e outros entrevistados sugerem que os membros da cena punk de Washington viveram o idealismo esculpido em monumentos da cidade de forma mais eficaz do que muitos de seus vizinhos.
Washington D.C., como um lar: “Sempre que me sentia perdido, eu voltava para Virgínia, na casa da minha mãe”, diz Grohl, “para a sala onde eu cresci; e isso me fazia voltar a realidade e colocava as coisas no lugar.” Não mencionado na série: a casa da família Grohl em Springfield foi especialmente importante durante os anos mais caóticos do Nirvana. Em uma entrevista de 2011, Grohl disse que foi lá que ele ficou sabendo da overdose de drogas de Kurt Cobain na Itália em março de 1994, assistindo MTV News. Todos estes anos depois, ele ainda considera seu tempo em D.C. profundamente relevante. “Eu não seria essa pessoa se não fosse por aquele lugar e aquelas pessoas”, ele disse no início desta semana. “Tenho orgulho de dizer isso. Tenho orgulho de ser um músico da área de Washington, D.C.”.
Sonic Highways chega ao Brasil dia 30 de Novembro pelo Canal BIS.
Fonte: Washington Post
Tradução: Stephanie Hahne