Entrevista por Jean-Marie Korff
Cidade do Cabo – É 00:30 de terça-feira quando eu recebo a ligação. Você ainda está vindo para a entrevista com o Foo Fighters?
Respiro fundo.
O que? Quando? Onde? Como? O que você disse?!
Sim, claro que estarei lá.
Então eu desligo o telefone.
“Jean-Marie, você está bem?,” o meu colega pergunta. “Eu vou entrevistar o Foo Fighters em 2 horas”, eu sussurro. Eu perdi o e-mail. Eu culpo o meu computador, minha pasta de spam, eu me culpo, WTF?! Eu sinto que eu vou vomitar, mas ao invés disso eu casualmente continuo a comer a minha salada de ovo ao processar o fato de que eu estarei entrevistando uma das maiores bandas de rock and roll do nosso tempo e da qual eu sou um grande fã em apenas 2 horas. Que inferno. A porra ficou séria.
Eu apressadamente peço a todos que eu conheço, incluindo os nossos fiéis leitores, algumas perguntas. Digo ao meu editor Herman que ele virá comigo para tirar fotos.
Nós dirigimos para o hotel, chegamos lá e somos escoltados para a cobertura, onde as entrevistas acontecerão. À medida que caminhamos, eu ouço a voz de Dave no andar de cima, conversando durante uma entrevista. Isso está realmente acontecendo, e eu ainda não consigo acreditar.
Nos sentamos e esperamos. E enquanto Dave Grohl está fazendo o que sabe na frente da câmera para entrevistas em vídeo, Chris Shiflett (guitarrista), Taylor Hawkins (baterista) e Nate Mendel (baixista) se sentam com a gente para a conversa.
Começamos a conversar e eu descobro que esses caras, literalmente, chegaram há apenas algumas horas atrás e agora eles estão fazendo entrevistas, que vamos combinar, eles não precisam fazer. Isso é incrível.
“Essa é a primeira vez de vocês na África do Sul e vocês vão fazer algum passeio turístico?” Eu pergunto.
“Eu espero que sim, não planejamos o passeio inteira, mas nós queremos sair e ver os pontos turísticos, com certeza”, diz Chris.
“Sim, quero dizer, temos o show de amanhã, então eu não sei quanto tempo nós teremos, hoje nós vamos tentar fazer a passagem de som, e então temos o próximo dia de folga aqui, que seria o dia de tentar fazer algo. Eu quero ir para aquela coisa de ‘table rock’ com certeza, eu quero fazer isso,” diz Taylor.
“É para ser uma viagem assustadora”, Nate acrescenta.
Chris revela que o show no Cape Town Stadium será o primeiro show oficial da turnê para promover o novo álbum, Sonic Highways.
“O que os fãs podem esperar do show de vocês?” eu pergunto.
“O que você pode esperar do show… se tratando de frescuras, não temos um monte de frescuras, não temos adereços explosivos ou qualquer coisa assim, nós somos uma banda pra frente até certo ponto, então eu acho que você pode esperar uma banda de verdade, sem computadores, uma banda de rock ‘n roll verdadeiro. Para melhor ou para pior,” Taylor ri.
“Provavelmente será um longo show, algo me diz que o Dave vai querer tocar por um bom tempo!” Chris acrescenta.
“Quem teve a idéia para o álbum e como é que tudo vem junto?” Eu pergunto. (O Foo Fighters acabou de lançar um novo álbum e um programa de TV que narra a gravação de cada música em um estúdio diferente.)
“Isso é tudo o Dave, foi ele quem teve a ideia. Você sabe, nós somos a banda dele”, diz Taylor rindo. “Então, se ele diz que está indo para o Zimbabwe para gravar nosso próximo álbum, nós falamos, ‘tudo bem vamos lá!'”.
“Ele teve a ideia há um bom tempo atrás, eu quero dizer, nós começamos a trabalhar nele muito antes de entramos no estúdio, nós ensaiamos durante meses e meses e meses”, acrescenta Chris.
“Como vocês escrevem uma música?” Eu pergunto.
“Nós começamos a ensaiar quando Dave tem tudo quase completamente terminado, talvez metade, às vezes ele graça demos para apenas o Taylor, e eles vão trabalhar juntos em uma faixa de bateria. Dave vai jogar alguns outros instrumentos lá, e pode ficar muito próximo de como a música é depois de finalizada. Ou ficamos juntos como uma banda e as coisas vão acontecendo enquanto tocamos. Mas Dave é o final, são suas canções, ele é o editor e o cara que é realmente encarregado de moldá-las,” explica Nate.
“Sim, algumas músicas crescem muito nesse processo de banda, e algumas músicas praticamente ficam como a demo era, seja uma demo só do Dave ou uma de nós dois. Nós nos reunimos e fazemos rodadas e rodadas e rodadas de demos. Quer dizer, há provavelmente 10 versões de todas essas músicas em diferentes estados de desenvolvimento. Mas realmente a coisa que as finaliza é onde Dave as coloca,” diz Taylor.
“Então o Dave tem a palavra final?” eu pergunto.
“Absolutamente,” diz Chris.
“Então vocês são apenas a banda?” eu pergunto brincando.
“Bem isso! Se é assim que você quer dizer…” Taylor ri.
“Vocês viajam muito, vocês já fizeram muito, o que está na lista de desejos, ainda há coisas que vocês querem fazer? Ou vocês já fizeram tudo?” Eu pergunto.
“À medida que essa banda caminha, nós vamos a novos lugares. A última vez que estivemos em turnê, descemos para a América do Sul pela primeira vez e foi ótimo, então para mim é só ir para diferentes países que nunca estivemos. Eu estou mantendo meus dedos cruzados para que nós façamos uma turnê pela Ásia algum dia,” diz Chris.
“Sim, este foi um deles, com certeza, eu estava ansioso para vir aqui, porque já faz muito tempo desde que eu estive em algum lugar que eu nunca estive antes. Você sabe que a minha primeira experiência em turnê, eu tocava bateria para Alanis Morissette, e eu juro por Deus, fomos em todos os lugares, mas este é um lugar que não viemos. E com o Foo Fighters acabamos realmente expandindo nossos horizontes. Com o nosso último álbum fomos para a América do Sul pela primeira vez em 8 anos, eu não sei por que esperamos tanto tempo, e isso abriu o potencial para ir a qualquer lugar com esta banda. Houve um tempo em que o Dave não queria fazer nada. América, Europa, Reino Unido e Austrália e talvez um pouco do Japão, e foi isso,” diz Taylor.
“O que é a única coisa que você nunca viaja sem, que está sempre com você em turnê?” Eu pergunto.
Chris responde em primeiro lugar: “Eu comecei a trazer o meu próprio café recentemente, mas isso é uma novidade!” ele ri. “Eu estava explicando para o Taylor umas duas semanas atrás, quando eu o trouxe pela primeira vez, e ele me ouviu dizer a coisa toda, há um moedor, então eu trago o meu pequeno copo, eu tenho um filtro lá…”
“Você gosta demais de café!” Diz Taylor.
“É como o vinho ou qualquer outra coisa, as pessoas entram na onda!” diz Chris.
“Eu viajei com meu próprio moedor de pimenta por um tempo…” Nate acrescenta rindo.
“Por quê?” Eu pergunto. “Você não confia em outras pimentas?”
“Sim, eu não gosto da pimenta em pó Europeia.”
Para Taylor, é a música que não pode faltar:. “Eu tenho que ter música em todo lugar que eu vou, eu acho que a maioria das pessoas é assim, mas eu tenho que ter um alto-falante também, eu não gosto de ouvir com fones de ouvido, então eu ando por aí um tocando minha música bem alta. Você me ouve andando pelo corredor de um hotel explodindo com ZZ Top”.
“O que vocês estão ouvindo neste momento?” Eu pergunto.
“Eu estou sempre tentando descobrir coisas que eu perdi e há algumas coisas de vez em quando, uhm, que eu gosto agora, coisas novas. Mas eu geralmente só não gosto da maneira como os discos são feitos, você sabe. Então isso perde a graça na gravação dos discos, porque quando eu ouço uma banda que é para ser uma banda de rock e vai empurrada para um computador, eu não gosto disso. Eu gosto de bandas que realmente tocam, e há mais e mais outra vez, eu gosto disso. Mas, sim, apenas um monte de coisas antigas,” diz Taylor.
“Então sem Justin Bieber?” Eu pergunto.
“Não, sem Bieber… Eu gosto de música pop às vezes. Eu gosto das músicas que estão no rádio. Há essa banda Big Data, eles tocam muito em LA… Eu tendo a voltar para as coisas dos anos 70, 80, e até mesmo algumas dos anos 90. Eu encontrei este disco ao vivo do Bee Gees de 1976 que eu nunca soube que existia, e eu amei, eu estou obcecado com isso agora!” diz Taylor.
Tivemos algumas perguntas de leitores para a banda, então aqui vai:
Nhlanhla Majozi: “Ouvi dizer que Dave está substituindo Mark Ruffallo como o Hulk no último filme Avengers. Isso é verdade?”
“Absolutamente! Como que você ficou sabendo?” Chris diz em tom de brincadeira. “Ele tem um monte de coisa acontecendo, então eu não ficaria surpreso! Bem, eu não ouvi sobre isso ainda, mas é possível”, diz Chris.
Carmen Williams: Será que algum de vocês se identifica como feminista? Pergunto isso porque musas do sexo feminino e celebridades recebem essa pergunta o tempo todo e eu acho que é justo que eu lhe pergunte.
“Minha mãe é uma feminista muito forte, por isso vou dizer que eu sou um feminista também”, diz Chris.
“Acabei de ler um livro, e eu observei e discuti o assunto com minha esposa, há três personagens, dois homens e uma mulher, e a mulher não tinha personalidade própria, então eu acho que percebi que eu tenho sensibilidades feministas,” diz Nate.
“Toquei com Alanis Morissette”, acrescenta Taylor. “Tome isso!” ele ri.
(Eu recebo um sinal de que eu deveria estar concluindo esta entrevista, por isso peço uma última pergunta): “Vocês têm algum ritual antes de subir ao palco?”
“Tudo se resolve, Dave geralmente coloca uma música louca e começa a beber uns shots e, literalmente, fica pulando por uma hora. Eu toco guitarra, eu aqueço um pouco, eu meio que me mexo só um pouco,” Chris explica.
“Eu sempre tenho baquetas na mão uma meia hora antes de subir ao palco. O que eu não gosto de fazer é ter uma conversa na hora antes de eu ir tocar. Eu não me importo se for dentro da nossa banda, eu gosto de conversa fiada na nossa banda, mas não com outras pessoas antes de eu entrar no palco. Geralmente a nossa pequena conversa envolve o que estamos prestes a fazer ou vamos fazer, mas se eu tiver algum primo nos bastidores querendo falar comigo… não,” diz Taylor.
“Só um bom barbear quente para mim,” diz Nate.
Fonte: Channel 24
Tradução: Stephanie Hahne