Enquanto a batalha entre seus limites físicos e personalidade normalmente implacável se alastrava, Dave Grohl improvisou para abrir seu single “These Days”: “One of these days, you’ll fall off a stage…”
A multidão no Susquehanna Bank Center riu, assim como o frontman, que passou a noite zombando de sua perna parafusada devido a uma fíbula quebrada quando Dave caiu do palco no mês passado em um show na Suécia. E para a turnê norte-americana da banda, que fez o segundo show em South Jersey na noite de ontem, ele está sendo forçado a tocar sentado.
Mas não pense que Dave sentou em uma simples cadeira para fazer esse show de duas horas e meia. Não, Grohl estava empoleirado sobre um trono enorme desenhado pelo próprio em seu pós-operatório no hospital – com luzes rotativas e fumaça – que lhe deixa com um aspecto de super-vilão do rock.
“Aposto que você pensou que nunca veria esta merda!,” ele gritou para o público depois de guiar ferozmente a banda pelo hit “The Pretender”. “Eu fiz uma limonada do caralho com este limão que a vida me jogou.”
Dave Grohl, Nate Mendel e Rami Jaffee em Camden, New Jersey – Foto por Tim Hawk/NJ.com
A analogia clichê de Grohl acertou em cheio – o longo setlist repleto de hits foi incrível e satisfatório nessa noite úmida de verão, e lembrou mais de 20.000 fãs que após 20 anos, o compositor barbudo e seu bando de músicos experientes se recusam a desacelerar, independentemente dos membros estarem funcionando ou não. Afinal, nenhuma banda classificada como uma das bandas de rock mais consistentemente bem sucedidas das últimas duas décadas chega até lá sem alguns solavancos e contusões.
A grandiosidade com que Grohl escreve suas melodias claramente se reflete no projeto de seu trono, que tem pitadas de pop art e Mad Max. Mais de uma dúzia de braços de guitarra estavam presas às laterais deste palco-dentro-de-um-palco, que várias vezes deslizava pela passarela, deixando Dave mais longe da banda e mais perto do público. Anexado à parte traseira da cadeira de couro preto, há o logo da banda (FF) grande, com fundo vermelho e letras pratas. É certamente um artefato único e, se alguém da banda falir algum dia, com certeza conseguirá uma boa grana com ele em algum leilão para fãs.
Com a perna direita suspensa e parada, Grohl batia seu pé esquerdo furiosamente contra o chão de seu trono, e chacoalhava seu cabelo desgrenhado para lá e para cá em músicas como “Everlong”, “Monkey Wrench” e a nova “Something From Nothing”. Embora a lesão não tenha impedido muito de seu desempenho – na verdade, até o reforçou – Dave ainda parecia um animal enjaulado. Durante “All My Life”, foi difícil não desejar que, milagrosamente, ele saltasse de seu trono, curado pelo poder do rock ‘n roll.
Nate Mendel, Rami Jaffee, Chris Shiflett, Pat Smear e Taylor Hawkins em Camden, New Jersey – Foto por Tim Hawk/NJ.com
Tendo isso em mente, os fãs que estiveram presentes nestes shows devem aceitar o fato de que eles viram Grohl em uma maneira que nenhuma outra multidão viu ou irá vê-lo. Por duas décadas, todos os frequentadores de shows do Foo Fighters têm visto quase sempre o mesmo tipo de apresentação. Mas apenas uma pequena fração será capaz de dizer que eles testemunharam o que, sem dúvida, será lembrado como A Turnê do Trono.
Como esperado, Grohl estava em um ótimo e cômico estado de espírito. O vídeo de sua queda fatal passou no telão do anfiteatro, assim como fotos do cantor em seu “vestido” de hospital e seus rascunhos de sua cadeira gloriosa. Antes de começar “Walk”, com o seu coro “Learning to walk again/Aprendendo a andar de novo”, Grohl não pode deixar de rir com a letra.
Taylor Hawkins em Camden, New Jersey – Foto por Tim Hawk/NJ.com
Além do espetáculo particular de Grohl, o desempenho do Foo Fighters enquanto banda foi afiado e impecável. “My Hero”, sem dúvida o hit mais tocado da banda, foi reavivado duas vezes, tanto através de uma versão acústica quanto da participação do público em um coro que provavelmente ecoou por toda Delaware. O mesmo aconteceu com “Times Like These.” E também, hits do novo álbum Sonic Highways, como “Something From Nothing” e “Congregation”, agradaram o grande público. Depois de oito discos, a banda ainda tem um aperto firme em sua base de fãs.
Considerando a obsessão de Grohl e o baterista Taylor Hawkins com o Queen – eles induziram os caras ao Rock and Roll Hall of Fame e cantaram “Tie Your Mother Down” com a banda – “Under Pressure” não foi nenhuma surpresa. Mas ouvir Taylor tomar vocais foi algo a mais, e o cover fez jus a seu original.
Grohl cantou e bateu cabeça (tanto quanto ele pode) durante 150 minutos – com um chiclete na boca. Como o homem não engasga? Essa é a pergunta que importa aqui…
Fotos por: Tim Hawks/NJ.com, Emily Hopkins, Instagram
- Everlong
- Monkey Wrench
- Learn to Fly
- Something From Nothing
- The Pretender
- Big Me
- Congregation
- Walk
- I’m the One (Van Halen cover) (trecho durante apresentação de Chris Shiflett)
- Another One Bites the Dust (Queen cover) (trecho durante apresentação de Nate Mendel)
- Owner of a Lonely Heart (Yes cover) (trecho durante apresentação de Pat Smear)
- Cold Day in the Sun
- My Hero (Acústica)
- Times Like These (Acústica)
- Under Pressure (Queen & David Bowie cover)
- All My Life
- These Days
- Outside
- Breakout
- For All the Cows
- Alone + Easy Target
- This Is a Call
- Generator
- Best of You
Fonte: NJ.com
Por: Stephanie Hahne