Foo Fighters sobre o futuro da banda: “Gravar um álbum convencional não é mais o suficiente”

Quando Dave Grohl levou seu tombo traumático no Estádio Ullevi, na Suécia, no dia 12 de junho, ele e sua banda estavam a todo vapor. O projeto Sonic Highways, lançado no ano passado, deu um gás nos caras. A banda caiu na estrada com uma intensidade que não era vista nos Foos “desde os anos 90” e já estavam firmando planos de dirigir uma segunda temporada da série da HBO quando o desastre aconteceu, insinuando a NME que isso deu toda uma vibe anglocêntrica ao projeto: “Pode ser apenas na Inglaterra, ou na Inglaterra e outros lugares, ou talvez sejam lugares na América e pessoas de outros países que são inspiradas por estes lugares da América,” brincou Grohl. Ainda mais intrigante, nos últimos meses, o vocalista tinha dado algumas dicas sobre a forma que o próximo álbum terá, também, e como o seu conceito superará o de seu antecessor.

“Eu tenho essa ideia há um bom tempo já, talvez cerca de um ano”, ele diz à NME, “mas não é certo ainda. É definitivamente sobre desafiar o artista com o meio ambiente. É uma boa ideia, mas vamos ver o que acontece.” Depois de gravarem o ‘Wasting Light’, de 2011, em uma garagem, e transformarem ‘Sonic Highways’ em uma história da música popular americana, “o maior desafio para nós agora seria apenas entrar em um estúdio e fazer um álbum como qualquer outra banda,” diz ele. “Eu estou quase pensando que é o que devemos fazer – gravar a porra de um álbum como todo mundo faz. Você sabe, no nosso estúdio. Que nós construímos para gravar discos e tal.”

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Ao falar com o baterista Taylor Hawkins sobre o futuro, entretanto, parece improvável que o Foos irão abraçar essa “normalidade” novamente em breve. Como ele diz, “Gravar um álbum convencional não é mais o suficiente. Costumava ser um simples processo de escrever um monte de canções, gravá-las e lança-las. Você fazia um álbum e uns três clipes. Se eles fossem bons, a MTV os tocaria, e você venderia alguns discos. Agora, você precisa fazer alguma a mais coisa com isso.”

Tipo o quê?

“Dave quer que os álbuns tenham algum outro tipo de tema ou experiência ligados a eles. Ele quer que todos os álbuns que façamos a partir de agora tenham algum tipo de conceito em torno deles, sejam esses discos grandiosos como o ‘Sonic Highways’ ou simples como ‘Ei, vamos gravar o ‘Wasting Light em uma fita na minha garagem!’”

E se o resto da banda não estiver com tanta certeza em relação a essas ideias?

“É a visão do Dave”, Hawkins dá de ombros. “Tudo começou com ele e uma fita demo, e ele sempre soube qual o melhor caminho a seguir com o Foo Fighters. Eu não vou entrar e ficar tipo, ‘Ei, vamos escrever uma ópera-rock’, porque eu posso fazer esses pequenos e divertidos discos sozinho. Estes são os pequenos e divertidos discos do Dave e somos a sua banda, nós o ajudamos a fazê-los. Mesmo quando eu e Nate saímos para comer um hambúrguer e depois dizemos, ‘hmm, não tenho muita certeza sobre isso,’ ainda temos que ter fé e continuar tentando.”

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Foto por Magdalena Wosinska

Hawkins e Nate Mendel já fizeram seus “pequenos e divertidos discos” recentemente – Hawkins com o LP do Birds of Satan lançado no ano passado e Mendel com seu próprio projeto paralelo, Lieutenant. Em contrapartida, Grohl, que reconhece a sua reputação como um “colaborador em série do caralho”, tem estado tranquilo nas suas atividades extracurriculares, porém, isso está prestes a mudar. “Então a lendária banda americana de hardcore, Blast, liga e diz: ‘Ei, você quer tocar no nosso novo álbum?’ Agora, o Blast não lança um álbum novo há 30 anos. Eles disseram: ‘Nosso baterista e baixista não puderam se juntar a nós, por isso temos o Chuck Dukowski do Black Flag no baixo, você quer tocar bateria para nós?’ Porra, sim, eu vou tocar bateria para o Blast. O disco é brutal e surpreendente, e eu tenho que tocar com o Chuck Dukowski, que é um dos meus heróis. Essa é a grande recompensa: ver alguém que você ouviu a vida toda gravar um disco.” A cura começa aqui.

[ATUALIZAÇÃO]: Na matéria original da revista, foi acrescentado o “Guia do Foo Fighters sobre a majestade do Motorhead“. Leia abaixo:

Os Foos Taylor Hawkins e Nate Mendel falaram um pouco sobre a banda mais foda das paradas, o Motorhead.

Taylor Hawkins: “Ver o Motorhead tocar é uma das experiências mais puras do rock’n roll que você pode ter. O Lemmy é um pedaço vivo do rock ‘n roll, sério. Nós o conhecemos e tocamos com ele algumas vezes, ele também pode ser um cara bem amável.”

Nate Mendel: “Sabe aquelas pessoas que gostam de toda essa mágica de viver um estilo de vida rock ‘n roll e ter uma certa originalidade, mas na verdade são como todo mundo? Eles farão mais ou menos isso, tipo ‘Oh, agora vou lá fazer meu rock ‘n roll’. Mas com Lemmy, esse estilo de vida está em cada fibra do seu corpo. Então se alguém quer ver um doidão autêntico do rock ‘n roll, veja o Motorhead.”

Taylor: “Ele vai socar a sua cara por chamá-lo de doidão, cara. Ele vai chutar sua bunda por isso!”

O Motorhead toca no mesmo dia que o Foo Fighters tocaria no festival Glastonbury.

Matéria original: Dave Grohl And Taylor Hawkins On Where Next For Foo Fighters: “It’s Not Enough To Just Make A Fucking Record Any More”, por NME em 22 de junho de 2015.
Tradução: Stephanie Hahne