Darrell Thorp fala sobre a gravação do álbum Concrete and Gold do Foo Fighters

Sete vezes ganhador do Grammy, Darrell Thorp (OutKast, Radiohead, Paul McCartney, Beck) é um produtor, técnico de mixagem e engenheiro americano com mais de 18 anos de experiência e muitos discos multi-platina em seu nome. Aqui, Colby Ramsey fala com o homem que ajudou a gravar o nono álbum de estúdio do Foo Fighters, Concrete and Gold, que atingiu o primeiro lugar nos EUA e no Reino Unido.

Como você entrou pela primeira vez na indústria?

Eu sempre quis seguir uma carreira na indústria fonográfica e comecei a procurar universidades de quatro anos e escolas de comércio. Finalmente cheguei à decisão de frequentar o Conservatório de Artes e Ciências de Gravação, sediado em Tempe, Phoenix. Eu sou de Tucson/ Arizona, por isso foi uma escolha fácil me mudar para Phoenix e frequentar a escola por lá.

Após o curso, me mudei para LA, e o primeiro trabalho que me foi oferecido foi um estágio na Track Record. Eu corri e fiquei lá por um mês e depois me contrataram em tempo integral. Tive a sorte de passar apenas seis meses antes de me tornar assistente em tempo integral. De lá fui contratado em Conway e trabalhei por um ano e depois, finalmente, na Ocean Way Recording. Ocean Way para mim é minha casa e o estúdio onde aprendi Engenharia.

Que conselho você daria a alguém que procura entrar no setor?

Tive a sorte de ter uma boa carreira trabalhando em diferentes estúdios e aprendi muito com o trabalho em todos eles. Se você é esperto, é bom pegar dicas e truques de seus clientes, e não é uma coisa ruim perguntar ao engenheiro após a sessão porque ele ou ela gosta de trabalhar de determinada maneira, ou colocar um determinado microfone dentro do bumbo da bateria. Também é bom estudar muito, aprender o seu ofício e estar pronto para quando a oportunidade aparecer.

Como você se envolveu com o Foo Fighters e teve alguma coisa que você fez especificamente com sua gravação no álbum?

Eu fui convidado pelo produtor Greg Kurstin para vir ajudar a gravar o álbum do Foo. Greg e eu tínhamos trabalhado juntos em projetos anteriores e eu estava realmente animado por ele ter me chamado. Para o FF, a ideia era ter várias estações de bateria montadas. Eu tive que pensar em uma maneira de configurar cinco kits de bateria, com duas estações de baixo, cerca de 20 amplificadores de guitarra, estação de teclado, estação vocal, etc. E como colocar tudo isso em uma Neve de 80 entradas enquanto rodava uma fita de 24 faixas de gravação, em seguida, passar pro Pro Tools e editar.

Por fim, tive a ideia de ter duas cadeias de gravação de bateria e remendar todos os kits para a cadeia específica que queríamos usar. Em seguida, uma cadeia de baixo e, em seguida, uma cadeia de guitarra para cada set, um par de cadeias vocais, uma para a principal e outra para os backing vocals. Então, usando as saídas auxiliares para entrada de fita, depois para o Pro Tools, funcionou muito bem.

Qual é o seu equipamento favorito no estúdio?

O console. Um bom console é fundamental em uma sessão de gravação. Tipo uma Neve 8028 ou 8056. Eu realmente amo usar os mesmos pré-amplificadores de microfone e EQs pra cada instrumento para gravar. Acho que usar uma Neve nisso, uma API naquilo, e a Telefunken em outro faz com que tudo não pareça tão poderoso.

Meu pensamento é que, ao usar pré-amplificadores diferentes que possuem componentes eletrônicos diferentes, as peças reagem mais rapidamente do que outras. A banda ou bateria em geral não parece funcionar em conjunto. Eu posso mudar um pouco de EQ com uma API 550a na bateria, mas sou um grande fã de comprimir enquanto gravo. Eu costumo pegar pesado com a compressão, -10 a -15db no amplificador de baixo e -10 ou mais no vocal principal. Se soa bem, por que não!?

Qual tem sido sua maior conquista pessoal?

Trabalhar na área por 20 anos com todos as baixas que sofremos é uma conquista pessoal. Não sei como, mas o telefone continua tocando e os e-mails continuam chegando com mais trabalho. Quando alguém quer fazer um disco comigo, eu me sinto honrado, e é incrível dizer que eu faço isso para ganhar a vida e tenho sido muito bem sucedido nisso.

Eu ainda sinto que há mais coisas para eu realizar e eu continuo aprendendo coisas – essa é a melhor parte do meu trabalho, eu estou sempre aprendendo o ofício. Aprendo principalmente enquanto sou pago para mixar uma música ou acompanhar uma música. É ótimo quando faço algo que nunca pensei antes, ou algo com o qual tenho lutado como engenheiro.

 

Você tem um estúdio ou artista favorito com quem já trabalhou?

Eu tive o prazer e a honra de trabalhar em alguns estúdios incríveis. Eu diria que as minhas salas favoritas são o Studio 2 no East West e o Studio B no United (então Ocean Way). Ambas as salas têm grandes consoles e as próprias salas são fáceis de gravar. Coloque um bom microfone no aquário, aumente um pouco o pré-amplificador, aumente o fader e verifique o seu nível em fita ou Pro Tools; parece incrível.

Em termos de artistas, há muitos bons para nomear. Bandas como Lake Street Dive são músicos insanos e ótimos para se estar junto. Foo Fighters é de longe a mais divertida que eu tive no estúdio, além de todos os caras serem músicos fodas. Sir Paul McCartney é o homem mais gentil do planeta Terra, e provavelmente um dos músicos mais talentosos, enquanto Beck é meu compositor / letrista favorito. Os caras do Switchfoot são ótimas pessoas para se estar o dia inteiro, e também são artistas e músicos incríveis.

Fonte: Audio Media International
Tradução: Marcello Fernandes