Dave Grohl é a capa da edição de Maio da revista britânica GQ, e não teve papas na línguas ao falar sobre assuntos polêmicos.
Na entrevista, que rolou após o show do Foo Fighters em Buenos Aires no mês de Março, o frontman meteu o pau em Donald Trump, atual presidente americano, e ainda discutiu sobre o impacto do Nirvana e o futuro do punk rock.
Leia a tradução da entrevista logo abaixo!
Dave Grohl fala sobre o “sonho americano” e o presidente Trump
O ‘sonho americano’ ainda era tangível, ainda era desejável. Hoje, o ‘sonho americano’ está quebrado. Eu provavelmente viajei mais internacionalmente do que o nosso atual presidente, e uma coisa que eu entendo e ele não é que o mundo não é tão grande quanto você pensa que é. É tudo a mesma vizinhança. Índia, Ásia, Islândia não estão em outro sistema solar. Eu tenho vergonha do nosso presidente. Eu me sinto culpado por isso quando viajo.
Olha, quem se importa com o que eu penso sobre armas ou religião, mas a coisa com Trump que mais dói é essa: ele simplesmente parece um completo idiota. Não é? Eu conheço várias pessoas maravilhosas que não compartilham da minha visão política, e você pode apostar que amanhã à noite, no estádio, nem todo mundo vai compartilhar da mesma opinião e das mesmas crenças. Mas quando eu cantar ‘My Hero’, eles cantarão junto comigo. Nas três horas que estou no palco, nada disso importa.
Dave Grohl fala sobre o Nirvana
O Nirvana, para mim, foi uma revolução pessoal. Eu tinha 21 anos. Você se lembra de ter 21 anos? Você pensa que sabe de tudo. Mas não sabe. Eu pensava que sabia de tudo. E estar no Nirvana me mostrou quão pouco eu sabia de verdade. [A banda] foi um dos maiores altos da minha vida, mas também, é claro, um dos maiores baixos. Essas experiências foram uma base de como sobreviver. Por anos eu não conseguia escutar nenhuma música, ainda mais do Nirvana. Quando Kurt [Cobain] morreu, todas as vezes que o rádio tocava, meu coração partia. Eu não ouço discos do Nirvana, não. Ainda assim, eles estão sempre em algum lugar. Eu entro no carro, estão lá. Eu entro em uma loja, estão lá. Para mim, é muito pessoal. Eu lembro de tudo destes discos; eu me lembro dos shorts que estava usando quando gravamos ou que nevou no dia. Ainda, eu volto atrás e acho novos significados para as letras do Kurt. Não querendo ser saudosista, mas às vezes isso bate forte. Você fica, ‘nossa, eu nem percebi que ele estava sentindo isso nesta época.’
Dave Grohl fala sobre o futuro do punk
Depende de como você define o punk rock. Você sabe quem Lil Pump é? [Repórter descreve Lil Peep]. Não. Esse era o Lil Peep. Lil Pump faz parte do mesmo gênero, aquele emo com hip-hop ‘mal cozinhado’. Enfim, ele tem uma música chamada ‘Gucci Gang’. É hilário, o vídeo tem tigres e sacos de maconha e Lamborghinis azuis. E ainda assim, para a minha filha mais velha, Lil Pump é punk rock. Em 2018, a música não soa — e nem deveria soar — como era quando eu tinha 14 anos. Eu acho que, para mim, o punk rock é sobre um estado de independência, e se o Lil Pump representa isso, então que seja. É sobre ser livre para fazer qualquer merda que você quiser.
Por Stephanie Hahne