Pouco depois das 21 horas, quando Dave Grohl subiu ao palco com o peito inflado e os braços para cima, o Estádio Único de La Plata entrou em estado de combustão instantânea, uma evidência veloz do que o Foo Fighters construiu em solo argentino nos últimos anos. “Trouxemos muitas músicas, assim vocês terão que dançar a noite inteira, filhos da puta!”, Grohl avisou logo no começo depois de abrir o show com “Something From Nothing”, a primeira faixa de Sonic Highways.
E realmente, Dave cumpre o que diz. Durante três horas completas e sem cortes, Dave Grohl conduziu sua banda por uma longa estrada de coros efervescentes e mensagens de libertação, que na Argentina foram bem aderidas, apesar de algumas incompatibilidades de som. “The Pretender”, “Learn To Fly” e “My Hero” guiam uma setlist que repassa os seus 20 anos de carreira e faz o sexteto queimar todas as válvulas atrás de um impacto instantâneo. Além da figura de Grohl, que capitaliza seu carisma e risadas para intervir nas canções com humor e aquecer o público enquanto segura sua Gibson DG 335 azul, quase toda a atenção recai sobre o baterista Taylor Hawkins, que mexe seus braços em golpes pesados, porém ágeis, e que se compõe, desde o fundo, como um verdadeiro show a parte, grosseiro e irresistível.
Fotos por: Tomás Correa Arce e Emiliano Rodríguez
Entre o conjunto de distorções que envolve o par de guitarras Chris Shiflett e Pat Smear, a capacidade narrativa Grohl, desenvolvida recentemente na obra audiovisual (com Sonic Highways e Sound City), é evidente na concepção do show que eles sempre tentam reacomodar os focos de tensão: como quando o cantor cruza a passarela que vai até metade do campo para tocar versões despojadas de “Skin and Bones” e “Time Like These”, só com um violão, ou quando a banda completa emerge do subsolo a partir de uma plataforma giratória montada no meio da passarela e abrange uma seção do tamanho de “Detroit Rock City” do Kiss, “Stiff Competition” do Cheap Trick (com um tempo de Grohl na bateria e Hawkins nos vocais) e “Under Pressure” do Queen.
A anos-luz daquele grunge que emergiu detrás da bateria do Nirvana, Dave Grohl vem fazendo com o Foo Fighters uma versão mais clean desse rock perturbador que o levou aos holofotes, uma fórmula de catarse que hoje oferece euforia e headbanging a quem escuta. E Dave, que se tornou um grande domador de multidões, sabe muito bem. “Estamos fazendo isso a mais de 20 anos, realmente somos uma banda de muita sorte,” ele disse antes de disparar a tríade final com “Outside”, “Best Of You” e “Everlong”, deixando para trás um sentimento de missão cumprida.
- Something From Nothing
- The Pretender
- Learn to Fly
- Breakout
- Arlandria
- Generator
- My Hero
- Hey, Johnny Park!
- Monkey Wrench
- Cold Day in the Sun (com “Another One Bites The Dust”)
- In the Clear
- I’ll Stick Around
- Congregation
- Walk
- Skin and Bones (Dave no violão e Rami Jaffee na sanfona)
- Wheels (Solo por Dave Grohl)
- Times Like These (Metade com Dave, metade com a banda)
- Detroit Rock City (KISS cover)
- Young Man Blues (Mose Allison cover)
- Miss You (The Rolling Stones cover)
- Stiff Competition (Cheap Trick cover) (Dave na bacteria, Taylor nos vocais)
- Under Pressure (Queen & David Bowie cover)
- All My Life
- These Days
- Outside
- Best of You
- Everlong
Tradução: Stephanie Hahne
Fonte: Rolling Stone Argentina