De “Cidade dos sons” (Sound City) aos Sons das cidades: Dave Grohl fala do arriscado álbum e projeto da HBO com o Foo Fighters.

Dave Grohl dos Foo Fighters se apresenta no Clube 09:30, em Washington DC, como parte da celebração de aniversário para Big Tony of Trouble Funk. Grohl apresentou o evento, tocou bateria, durante uma jam com os membros do Scream e Bad Brains, bem como a realização de um show completo com o Foo Fighters.

Kyle Gustafson / For The Washington Post

O 20 º aniversário do Foo Fighters vem com um álbum, o seu próprio documentário-série na tv a cabo e uma missão ambiciosa para contar a história da América através de sua música indígena

Se Dave Grohl está atrás do título top de conquistador do rock, ele está caminhando bem pra isso. Desde a formação do Foo Fighters em 1995, ele agitou sete álbuns que venderam juntos 11,1 milhões de cópias, segundo a Nielsen SoundScan; dirigiu o documentário em 2013 – Sound City – sobre o lendário ex-estúdio de gravação em Los Angeles com o mesmo nome -, que apresenta uma pontuação de avaliação de 100 por cento no Rotten Tomatoes; ele marcou o evento “Jam com Paul McCartney” na sua lista de coisas a se fazer antes de morrer e, em abril, foi introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll como um membro do Nirvana. Como ele disse a uma multidão na premiere do Sound City no Sundance Film Festival 2013, “Em seguida, eu estarei pilotando seu avião para Dulles.”

 

O que realmente é o próximo item na lista de tarefas a fazer do Grohl, o álbum novo ainda sem título do Foos, pronto nesse outono, o que pode ser o mais ambicioso da banda. A banda visitou oito cidades americanas com raízes na música – Seattle, Chicago, Austin, Nashville, Los Angeles, Nova Orleans, Nova York e Washington, DC – onde Grohl, 45 anos, entrevistou alguns dos músicos que ajudaram a moldar os sons e usou cada conversa como inspiração para escrever e gravar uma canção original para o álbum. Grohl filmou este processo criativo para uma série de uma hora da HBO que ele mesmo dirige e que vai estrear na época em que o álbum for lançado (novembro, diz uma fonte). O filme contará com o Foo Fighters tocando com artistas locais entrevistados para o projeto, como o Rick Nielsen do Cheap Trick, em Chicago. “Depois de fazer Sound City , percebi que o par de música e documentário funciona bem, porque as histórias dão substância e profundidade para a música, o que contribui para uma conexão emocional mais forte “, diz Grohl sobre a gênese do projeto.”Então, eu pensei, ‘Eu quero fazer isso de novo, mas em vez de apenas andar em um estúdio e contar a sua história, eu quero viajar por toda a América e contar sua história.”

 

Como fez com Sound City , Grohl lidou pessoalmente com a marcação e entrevistas dos participantes do filme. “Isso alivia completamente qualquer tensão de um intermediário”, diz ele. “É artista para artista, falando sobre música.” Ele também está supervisionando o processo de edição. A carga de trabalho, bem como o escopo do projeto “é uma porra mostruosa”, diz ele. “É basicamente a história da música americana discriminada ao nível das raízes culturais de cada lugar: Por que Chicago se tornou uma capital de blues? Por que o country foi para Nashville? Por que a primeira banda psicodélica, Thirteenth Floor Elevators, veio de Austin? Como o ritmo “second line” nasceu em Nova Orleans? É uma loucura. ”

 

Mais louco, talvez, seja a decisão de Grohl em usar esta expedição cultural para formar o próximo álbum Foo Fighters, que promete esticar os limites dos riffs de hard rock da banda. O hip-hop e blues de alma inchada do Gary Clark Jr. esteve no menu, em Austin, Zac Brown em Nashville. E o membro do Eagles Joe Walsh acrescentou uma pitada de country rock durante uma sessão em Joshua Tree, na Califórnia, que fazia parte da visita da banda ao Butch Vig em LA – que produziu o vencedor do Grammy em 2011 Wasting Light – e volta a produzir mais uma vez gravando em analógico.

 

A colaboração mais improvável do Foo Fighters teve lugar em Nova Orleans com a Preservation Hall Jazz Band em meados de maio. A gravação que fizeram incorpora sopros e tons de jazz, diz Grohl. E enquanto estavam em Nola, a banda fechou St. Peter Street, no Bairro Francês em 17 de maio ao fazer um show surpresa no Preservation Hall. As portas para o lendário local foram abertas para que a banda pudesse tocar para o quarteirão abarrotado.

 

“Essas portas não foram abertas para a rua em 60 anos”, diz Grohl, que observa que não foram só as câmeras da HBO gravando, uma equipe da CBS do programa “60 Minutes foi capturar o evento para uma seção a estreiar apresentada por Anderson Cooper. “Uma centena de metros de distância da Bourbon Street em um sábado à noite – estava um puta  caos”, diz ele.

 

Para o número de encerramento, “This Is A Call”, a banda foi acompanhada no palco pelo “Trombone Shorty” Andrews, que habilmente lançou um solo de trompa, junto com o baterista Joe Lastie e clarinetista Charlie Gabriel da banda Preservation Hall Jazz. Este último, Grohl explica, tem 82 anos e pertence a uma quarta geração de músicos de New Orleans. “A família dele veio aqui em 1850 – isso é profundo”, diz Grohl. “É como estar em uma floresta de músicos e você está olhando para árvores enormes. É bonito pra caralho. É épico! “.

 

Lançando 27 músicas na parada da Billboard Alternative nas últimas duas décadas – 20 deles no top 10 – o próximo álbum do Foo Fighters pode ser considerado um empreendimento comercial arriscado. Afinal, diz Brad Hardin, EVP da programação de rock e gerente da marca alternativa para a estação de rádio “Clear Channel”: “O Foo Fighters é um artista central para rádio rock e alternativa, entregando uma biblioteca robusta para ambos os formatos a partir do final dos anos 90 até agora. Estamos muito animados e aguardando ansiosamente o sucessor de Wasting Light “.

 

Seja qual for a direção que este novo álbum tomar, Grohl não se desculpa. “Quando estávamos descendo do sucesso do último álbum, eu pensei: ‘Agora temos licença para ficar estranho'”, diz ele. “Se quiséssemos, poderíamos fazer algo louco e sombrio como Radiohead e enlouquecer todo mundo. Então eu pensei, ‘Foda-se’. “O objetivo é fazer hinos de estádio que assustam. Em vez de apenas “vomitar estes grandes refrões, porque isso é o que nós fazemos, nós estamos martelando eles no meio de seções instrumentais que irão toma-lo de surpresa”, diz ele. “A música é uma progressão ou uma evolução, com certeza, mas ainda é uma gravação do Foo Fighters”.

Fonte: Billboard

Tradução: Marcelo
Revisão: Astor