Texto por Jeff Gorra para a Alternative Nation
Porque eles são imperfeitos.
Eles são uma banda de garagem que se recusa a sair da garagem. Quando eles têm de a deixar fisicamente, eles simplesmente levam a garagem com eles – às vezes, vão até a garagem de outras pessoas (literalmente!).
O Foo Fighters está no meio de um hiato merecido (ou como eles dizem, ‘ihateus’ – eu nos odeio, em português) depois de uma enorme turnê em 2015 para o álbum e séria da HBO Sonic Highways. Enquanto escrevia sobre o Rockin’ 1000 no início da semana passada – uma história e um grupo que será sempre um dos meus favoritos – eu me vi pensando sobre Dave Grohl e o Foo Fighters, e como eles foram uma grande parte da razão pela qual o Rockin’ 1000 tornou-se o que é. Na verdade, eles são uma das principais razões por que eles existem, em primeiro lugar, já que foi o Foo Fighters que o Rockin ‘1000 queria para tocar em Cesena, Itália, e foi a canção “Learn to Fly” que 1.000 pessoas tocaram de forma tão mágica. Se este fosse um artigo escrito à mão, a linha anterior seria rabiscada devido aos arrepios que eu ainda tenho quando assisto àquele vídeo.
“O músico vem em primeiro lugar.”
Em 2013, Dave Grohl deu uma das mais profundas palestras que um artista pode dar no South by Southwest. Ele afirmou nos minutos iniciais que, para ele, sempre foi “o músico vem em primeiro lugar.” A arte, a música e o que ela significa para você é o que realmente importa; é uma fundação que sempre moveu Grohl e os Foo Fighters.
Em uma banda que consiste, sem dúvida, em dois dos melhores bateristas do mundo, Grohl é um líder rouco, energético, que toca guitarra, grita e inspira. Ao descrever como ele descobriu o poder da música quando mais novo, Grohl disse: “Eu tinha finalmente encontrado a minha voz, e isso era tudo que eu precisava para sobreviver a partir daquele momento. A recompensa por tocar uma música do começo ao fim, sem cometer um erro – bem, isso foi o suficiente para me alimentar durante semanas. Eu gostava da minha nova voz, porque não importa o quão ruim eu soava, era minha. Não havia ninguém lá para me dizer o que era certo e o que era errado, por isso não havia certo ou errado .”
Quando foi a última vez que você ouviu Grohl cantar na música de outra banda ou artista (tocar bateria é outra história)? Mas isso não importa; sua voz pertence a ele – portanto, a música também.
“Quem vai dizer qual voz é boa e qual não é – a voz.”
O Foo Fighters é pioneiro em criatividade. Cada oportunidade de fazer um novo disco começa com uma grande folha em branco. Enquanto a banda vai para o sótão para reunir suas fontes artísticas, eles certificam-se de usar alguma cor de pintura que nunca usaram antes. Eles não excluem as cores que já utilizaram – eles simplesmente as misturam com outras, resultando na criação de uma cor nova e única.
Dê uma olhada em grande parte do seu catálogo: o disco de estreia foi feito inteiramente por Grohl. Ele escreveu todas as músicas e tocou todos os instrumentos ao fazer o álbum no Robert Lang Studios, em Seattle, com a única exceção da parte de guitarra interpretada por Greg Dulli na faixa “X-Static”. There Is Nothing Left To Lose foi gravado no porão da casa de Grohl em Virginia; In Your Honor é um álbum duplo – onde o Lado A apresenta canções de heavy rock e o Lado B traz músicas acústicas; Wasting Light foi gravado na garagem de Grohl, tudo em fita; Sonic Highways foi um tributo inovador à história da música americana, que contou com gravações em oito cidades diferentes, e o EP Saint Cecilia foi gravado em um hotel em Austin, TX, e depois distribuído gratuitamente para quem quisesse como um agradecimento aos fãs.
Cada álbum é diferente do passado e se desenrola em sua própria maneira. Cada um é imperfeito, do jeito que eles querem – capturando a emoção crua do rock n’ roll. Cada um é único.
“Você ainda é e sempre será essa pessoa em seu coração: o músico. E o músico vem em primeiro lugar. “
Carisma é definido como: “Atratividade convincente ou charme que pode inspirar devoção em outros”.
Apesar de ‘charme’ se destacar como uma palavra-chave nessa definição, é a habilidade de inspirar devoção em outros que me faz dizer que o Foo Fighters exala carisma, com Grohl sendo o capitão de seu navio carismático. Eles dão o exemplo e o fazem de uma forma que é atraente, convincente e sutil o suficiente para que você sabe que está lá, mas não domina o fato de que sua música faz você se sentir livre.
Grohl é alguém que teve que começar de novo; logo após um dos pesadelos mais inimagináveis na morte de Kurt Cobain, começou a sua própria gravadora e voltou a fazer o que ele conhece e ama. O músico veio primeiro. Como ele diz: “não havia certo ou errado, porque tudo era meu.”
No topo da forte base de garagem que é o Foo Fighters, é estabelecida uma fina camada de sátira que fica mais visível em seus vídeos ou momentos cômicos de Grohl atrás de um microfone. Um tema comum de todas as garagens: elas servem como um forte e seguro refúgio. Cair do palco no início de uma turnê mundial que tinha estádios esgotados? Sem problemas. Basta criar um trono móvel gigante para se movimentar pelo palco. Ah, e quando estiver curado, por favor o empreste para Axl Rose.
O Foo Fighters toma suas próprias decisões e literalmente domina, escreve, grava e executa suas próprias canções. Eles decidem como o álbum vai ser, quais serão os singles e o que eles vão entregar aos seus fãs.
Dave Grohl muitas vezes discutiu como Edgar Winter e o punk rock mudaram sua vida – o fizeram reconhecer sua voz. Enquanto continuamente pratica o que prega, ele e os Foo Fighters estão ajudando as massas a encontrarem suas vozes. Olhe para Cesena: no ano passado, 1.000 pessoas mostraram sua voz por lá, da maneira mais surpreendente.
“É a sua voz. A estime, respeite, alimente, desafie, estique e grite até que ela vá embora. Porque todo mundo é abençoado com pelo menos isso. “
No dia 28 de julho, o Foo Fighters postou uma mensagem de cinco simples palavra em sua página do Facebook que dizia: “Pergunta… Vermelho, preto ou azul-marinho?”. Não tem como não pensar que eles têm algo criativo na manga, usando suas vozes que eles continuam a manter e aprimorar na garagem.
Mas, novamente, o que eu sei?
Tradução: Stephanie Hahne