Lá pelo final do show do show de 2 horas e 45 minutos do Foo Fighters em Melbourne, eu pensei: “Isto é feito para ser a melhor noite da vida de alguém, todas as noites”. Esse alguém estava, sem dúvida, entre as 60.000 pessoas que lotavam o Etihad Stadium, indo incansavelmente à loucura com esse show de rock, surpreendentemente, sem firula. Mas… que fardo. Para qualquer um seria, ao que parece, mas não para Dave Grohl.
A partir do momento em que o vocalista correu pela passarela gigante que se projeta no meio da multidão e provocou um enorme rugido, simplesmente em um levantar de punhos, o culto de Grohl estava em pleno funcionamento.
Nunca foi preciso muito: uma jogada de cabelo; aquele sorriso enquanto masca seu chiclete; seus gritos pela meia dúzia de músicas de rock que tocam nas rádios – o destaque da noite estava em torno deste ícone do rock. A surpresa foi que grande parte funcionou. Momentos dignos do espetáculo se mostraram rapidamente – o trovão ascendente da música de abertura “Something From Nothing” se mesclando com “The Pretender”; o enorme coro em “My Hero” enquanto Grohl corria de ponta a ponta do enorme palco e passarela para fazer um solo de guitarra; o trio de ouro com “This Is a Call”, “Arlandria” e “Monkey Wrench”, a última das quais, de alguma forma, teve uma pausa para um momento mais calmo, meio Pink Floyd nas guitarras, para só depois voltar ao seu estado normal.
“Esta é o maior fucking show de toda a turnê”, Grohl gritou no início. “Essa noite vai ser longa pra caralho”. E assim foi, mas sem qualquer pressa por parte da banda. Em sua mutação de banda de rock para banda de rock de estádio, o sexteto (sim, contando com o tecladista Rami Jaffee) não deixou por desejar.
Um set acústico e solitário de Grohl no final da passarela diminuiu o ritmo, antes da banda surgir do chão (literalmente) no palco instalado na metade da passarela para tocar um set de covers de grandes músicas do rock clássico (incluindo “Under Pressure” do Queen, que começou com um pedido de casamento entre dois fãs). Após, Grohl apresentou a banda do jeito mais brincalhão possível, o que levou a banda para mais uma leva de covers. Eu tenho certeza que é uma parte do show que faz valer o dinheiro, bem como, provavelmente, a parte mais divertida da noite, por um grupo de músicos que, até 2015, têm tocado as suas próprias canções por metade de suas vidas, a não por este momento. Mas o Foo Fighters trouxe o show de volta ao seu lar, com um set bem elaborado de músicas da banda.
Parece que Grohl gasta toda sua voz em “Best Of You”, uma música que se repete várias vezes até alcançar seu constante crescendo, mas ele aguentou tempo suficiente para “Everlong”, uma criação maravilhosa que é e sempre será a sua melhor canção. Com esse zumbido nos ouvidos, a última das bandas de rock de estádio se curvou.
Fotos por Emily Day / Instagram
Pedido de casamento durante “Under Pressure”
Setlist:
Something From Nothing
The Pretender
Learn to Fly
Breakout
My Hero
Big Me
Congregation
Walk
Cold Day in the Sun
This Is a Call
Arlandria
Monkey Wrench
Skin and Bones (Dave e Rami)
Wheels (Dave acústico)
Times Like These
Detroit Rock City (KISS cover)
Stay With Me (The Faces cover)
Let There Be Rock (AC/DC cover)
Under Pressure (Queen & David Bowie cover)
All My Life
Outside
These Days
Generator
Best of You
Everlong
Matéria original: “Foo Fighters: The last of the great stadium rock bands“, 1° de Março, por The Sydney Morning Herald
Tradução e adaptação: Stephanie Hahne